quarta-feira, maio 27, 2015

Poema do coração



Eu queria que o Amor estivesse realmente no coração,
e também a Bondade,
e a Sinceridade, 
e tudo, e tudo o mais, tudo estivesse realmente no coração

Então poderia dizer-vos:
"Meus amados irmãos,
falo-vos do coração",
ou então:
"com o coração nas mãos".
Mas o meu coração é como o dos compêndios
Tem duas válvulas ( a tricúspide e a mitral)
e os seus compartimentos (duas aurículas e dois ventrículos).
O sangue a circular contrai-os e distende-os
segundo a obrigação das leis dos movimentos.
Por vezes acontece
ver-se um homem, sem querer, com os lábios apertados
e uma lâmina baça e agreste, que endurece
a luz nos olhos em bisel cortados.
Parece então que o coração estremece.
Mas não.
Sabe-se, e muito bem, com fundamento prático,
que esse vento que sopra e ateia os incêndios,
é coisa do simpático.
Vem tudo nos compêndios.
Então meninos!
Vamos à lição!
Em quantas partes se divide o coração?

António Gedeão

Imagem retirada do Google

2 comentários:

Fatyly disse...

Nunca é demais ler este poema que gosto tanto. Gedeão no seu melhor!

Beijocas e um bom dia

Unknown disse...

O mais engraçado é que o desenho do coração vulgarmente conhecido nada tem a ver com a forma verdadeira do coração. :)

Beijinhos.