segunda-feira, junho 20, 2011

Uma voz na pedra



Não sei se respondo ou se pergunto
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.
Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha ebriedade é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo, não sei. Amo. Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta
nascente.

Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida. Estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguem que espera ser aberto por uma palavra.

António Ramos Rosa

Imagem retirada do Google

3 comentários:

Fatyly disse...

palavra essa...de esperança e conforto!

Gostei imenso!

Beijocas

Paula Raposo disse...

...e essa palavra que nos pode abrir, só pode ser mágica!
Lindíssimo. Adorei.
Beijos.

Mar Arável disse...

Só falta

um vagaroso instante

Ramos Rosa

Sempre