quarta-feira, maio 11, 2011

Como é que



Como é que eu,
ouvindo tão mal, distingo
o teu andar desde o princípio do corredor?

Como é que eu,
vendo tão pouco, sei
que és tu chegas, conforme a luz?

Como é que eu,
de mãos tão ásperas, desenho
a tua cara mesmo tão longe dela?

Onde está
tudo o que sei de ti
sem nunca ter aprendido nada?

Serei ainda capaz
de descobrir a palavra
que larga o teu rasto na janela?

(Que seria de nós
se nos roubassem os pontos de interrogação?)

Mário Castrim

Imagem retirada do Google

2 comentários:

Anónimo disse...

Mário Castrim!

Esse grande escritor/comentador.

Gosto.

Mar Arável disse...

Mário Castrim

o grande amigo
Grato pela memória