quarta-feira, agosto 11, 2010

Desencontro



Que língua estrangeira é esta
que me roça a flor do ouvido,
um vozear sem sentido
que nenhum sentido empresta?
Sussurro de vago tom,
reminiscência de esfinge,
voz que se julga, ou se finge
sentindo, e é apenas som.

Contracenamos por gestos,
por sorrisos, por olhares,
rodeios protocolares,
cumprimentos indigestos,
firmes aperto de mão,
passeio de braço dado,
mas por som articulado,
por palavras, isso não.
Antes morrer atolado
na mais negra solidão.

António Gedeão

Imagem retirada do Google

3 comentários:

Fatyly disse...

Este poema e simplesmente GENIAL. ADOREI

Beijocas sem serem "protocolares" mas com "som articulado":)))))

Paula Raposo disse...

As palavras fazem sempre falta. Beijos.

Anónimo disse...

Este texto (vamos chamar-lhe poema porque é mesmo) de Rómulo de Carvalho é extraordinário.

Bj