terça-feira, março 02, 2010

Quissico



1. Deixei o sol
na praia de Quissico
De bruços
sobre o Verão
eu deixei o Sol
na extensão do tempo
Molhando, quase líquido,
o dia afundava
nas fundas águas do Índico
A terra
se via estar nua
lembrando, distante,
seu parto de carne e lua

2. Não o pássaro: era o céu
que voava
O ombro da terra
amparava o dia
A luz
tombava ferida
pingando
como um pulso suicida
em minhas ocultas asas.

Mia Couto (Moçambique)

Imagem retirada do Google

6 comentários:

Paula Raposo disse...

Estou a ler 'a varanda do frangipani'. Prefiro a poesia do Mia Couto.
Beijos

Fatyly disse...

Gosto tanto deste poeta e não conhecia este poema tão cheio de tudo.

Beijocas e um bom dia

Imagem e Poesia disse...

Olá! Gostei deste espaço. Muito parecido com o que estou a desenvolver. Voltarei.
Um abraço

NavegandoeVagando disse...

Parabéns por disseminar tão belas palavras.

Nilson Barcelli disse...

Adoro a poesia do Mia Couto e este poema é magnífico.
Bela escolha, querida amiga.
Um beijo.

Politikus disse...

Bom poema...