segunda-feira, janeiro 04, 2010

Fernando Pessoa



Teu canto justo que desdenha as sombras
Limpo de vida viúvo de pessoa
Teu corajoso ousar não ser ninguém
Tua navegação com bússola e sem astros
No mar indefinido
Teu exacto conhecimento impossessivo.

Criaram teu poema arquitectura
E és semelhante a um deus de quatro rostos
E és semelhante a um deus de muitos nomes
Cariátide de ausência isento de destinos
Invocando a presença já perdida
E dizendo sobre a fuga dos caminhos
Que foste como as ervas não colhidas.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Imagem retirada do Google

4 comentários:

polittikus disse...

Dois simbolos da poesia nacional. Um a comentar o outro... Brutal.

Paula Raposo disse...

De Sophia nada a dizer. Sempre bela, sempre coerente. Sempre ela.
Quanto a Fernando Pessoa, terás uma surpresa, Isabel, no meu próximo post no romãs...
Beijinhos.

Fatyly disse...

Sophia igual a ela própria, inédita e esta dedicatória ao seu poeta favorito está fantástica.

Beijos e um bom dia

Nilson Barcelli disse...

Um fabuloso retrato poético de Pessoa.
Um par de poetas dos que mais admiro.
Querida Wind, boa semana.
Beijos.