terça-feira, setembro 22, 2009

Em uma tarde de Outono



Outono. Em frente ao mar. Escancaro as janelas
Sobre o jardim calado, e as águas miro, absorto.
Outono... Rodopiando, as folhas amarelas
Rolam, caem. Viuvez, velhice, desconforto...

Por que, belo navio, ao clarão das estrelas,
Visitaste este mar inabitado e morto,
Se logo, ao vir do vento, abriste ao vento as velas,
Se logo, ao vir da luz, abandonaste o porto?

A água cantou. Rodeava, aos beijos, os teus flancos
A espuma, desmanchada em riso e flocos brancos...
Mas chegaste com a noite, e fugiste com o sol!

E eu olho o céu deserto, e vejo o oceano triste,
E contemplo o lugar por onde te sumiste,
Banhado no clarão nascente do arrebol...

Olavo Bilac

Imagem retirada do Google

6 comentários:

mfc disse...

Gostei de ter aberto esta janela.

Paula Raposo disse...

Uma janela sobre o mar a cantar o Outono. Gostei imenso. Beijos.

Fatyly disse...

Um soneto encantador e como gostei de ler e reler!

Beijos

Mocho Falante disse...

"A água cantou. Rodeava, aos beijos, os teus flancos
A espuma, desmanchada em riso e flocos brancos...
Mas chegaste com a noite, e fugiste com o sol!" Carregado de sensualidade sem dúvida

beijocas

peciscas disse...

Bonito e apropriado à época que está a entrar.

sonja valentina disse...

outono em frente ao mar.... lindíssimo!