sábado, abril 26, 2008

Soneto



Não pode Amor por mais que as falas mude
exprimir quanto pesa ou quanto mede.
Se acaso a comoção falar concede
é tão mesquinho o tom que o desilude.

Busca no rosto a cor que mais o ajude,
magoado parecer aos olhos pede,
pois quando a fala a tudo o mais excede
näo pode ser Amor com tal virtude.

Também eu das palavras me arreceio,
também sofro do mal sem saber onde
busque a expressão maior do meu anseio.

E acaso perde, o Amor que a fala esconde,
em verdade, em beleza, em doce enleio?
Olha bem os meus olhos, e responde.

António Gedeão

Foto:Piotr Kowalik

3 comentários:

PintoRibeiro disse...

Bom fim de semana e bjinho Isabel.
http://suckandsmile.blogspot.com/2008/04/o-cinema-e-o-teatro-infantil-so.html
Disto se espera...

papagueno disse...

Não há que haver receio de dizer a palavra, AMOR.
Bjks

Nilson Barcelli disse...

Não conhecia este excelente poema do António Gedeão.
Há sentimentos cujas palavras são desnecessárias para os exprimir por estarem claros nos olhos.

Bfs, beijinhos.