terça-feira, janeiro 22, 2008

Ninguém meu amor



Ninguém meu amor
ninguém como nós conhece o sol
Podem utilizá-lo nos espelhos
apagar com ele
os barcos de papel dos nossos lagos
podem obrigá-lo a parar
à entrada das casas mais baixas
podem ainda fazer
com que a noite gravite
hoje do mesmo lado
Mas ninguém meu amor
ninguém como nós conhece o sol
Até que o sol degole
o horizonte em que um a um
nos deitam
vendando-nos os olhos

Sebastião Alba

Foto:José Marafona

1 comentário:

Fatyly disse...

Gosto muito deste poema. Só há uns anos é que li a biografia de Dinis Carneiro Gonçalves-pseudónimo Sebastião Alba, nascido em Braga, viveu em Moçambique, retorna a Portugal. Durante uns vinte anos foi um sem-abrigo e morreu atropelado na sua terra Natal.
Tenho pena que ainda não tenham publicado os inúmeros papeis que deixou a um amigo.

Beijocas