sexta-feira, janeiro 18, 2008

Antítese



Na exatidão
sou a distância maior
entre dois pontos distintos

No sonho
sou o medo daquele
que está sempre acordado
a espreitar o inimigo

Na vida
sou o saltimbanco
que apresenta seu espetáculo
para uma platéia entorpecida

No filme
sou a cena de ação
onde morre o mocinho

Na fuga
sou a distância que separa
o ataque da presa

No amor
sou a semelhança cômica
entre a careta do orgasmo
e a agonia da morte

Na noite
sou a prostituta sem nome
de sexo carnudo
servido a todas

No beijo
sou a boca de homem
com lábios fortes
apertando a alma
sem sentimentos

Na hipótese
sou a dúvida
que desmente a tese
e mantém o problema

No fim
serei poeta
para poder tudo outra vez.

Celso Brito

Foto:Piotr Kowalik

3 comentários:

papagueno disse...

Lindo, com mais uma bela imagem.
Bjks

Fatyly disse...

Poeta da vida...conturbada e pena é que muitos poetas só peguem no lado negativo da vida.

Sinceramente gostei mais da foto:)

Beijos sinceros

Paula Raposo disse...

Podemos ser tudo isso! Lindo.