segunda-feira, julho 16, 2007

Inicial



O dia não é hora por hora.
É dor por dor,
o tempo não se dobra,
não se gasta,
mar, diz o mar,
sem trégua,
terra, diz a terra,
o homem espera.
E só
seu sino
está ali entre os outros
guardando em seu vazio
um silêncio implacável
que se repartirá
quando levante sua língua de metal
onda após onda.

De tantas coisas que tive,
andando de joelhos pelo mundo,
aqui, despido,
não tenho mais que o duro meio-dia
do mar, e um sino.

Eles me dão sua voz para sofrer
e sua advertência para deter-me.
Isto acontece para todo o mundo,
continua o espaço.

E vive o mar.

Existem os sinos.

Pablo Neruda

Foto:Elena Platonova

4 comentários:

PintoRibeiro disse...

Bom dia Wind. Em frente. Bjinho.

Paula Raposo disse...

Belo poema! Beijos.

SÓNIA P. R. disse...

Lamentável Wind. Sempre os mesmos.
Um grande beijinho.

Gi disse...

Lindíssimo o poema (e a música também)
Beijinhos, boa semana