quarta-feira, julho 04, 2007

Contente nunca estou; feliz não sei



Contente nunca estou; feliz não sei
Se existe alguém ou neste ou noutro mundo.
Vou para o Nada, sou do Nada oriundo,
E entre dois Nadas desventura é Lei.

Da cobarde esperança emancipei
A previsão do meu destino imundo.
Sou consciente do mal em que me afundo,
E consciente do mal continuarei.

Nem revolta me fica, apenas pressa
De me tornar por fim parada peça
No cósmico rolar nefasto e louco.

Depois quero dormir um sono enorme
Que para uma aflição que nunca dorme,
A Morte, temo bem que seja pouco.

Reinaldo Ferreira

Foto:Paul Dzik

8 comentários:

Isabel Filipe disse...

Adoro este poema ...
vou bom relê-lo.

Bjs

poetaeusou . . . disse...

*
contente nunca estou,
feliz ? muito menos,
rstou, apenas ...
*

hfm disse...

Cada palavra é um poema.

Toze disse...

Vamos estando conforme calha !
É a vida.

Mais uma vez Obrigado,
O Poeta já me enviou :)))

Paula Raposo disse...

Muito triste, triste este poema!

Menina Marota disse...

Lembrei-me de um poema de Reinaldo ferreira que gosto muito.
Deixo-o aqui com um abraço

"Nasci poeta abstruso.
Amo as palavras que estão
Entre o arcaico e o difuso
No cerne da indecisão.

Prefiro adrede e gomil.
Digo delíquio e fanal.
E só descrevo um funil
Em termos-vaso-de-graal.

Mas nesta minha importância,
Neste sol que me irradia,
Nem Deus preenche a distância
Que vai de mim à Poesia."

(Poema de Reinaldo Ferreira)

papagueno disse...

É assim a vida, nem feliz nem contente...
Beijos

Fatyly disse...

Tãoooooo triste!!!!!

Beijocas animadoras