terça-feira, maio 29, 2007

Estrada do Silêncio



Apalpo os
passos que dou lentamente...
vergado,
ando pelas ruas,
rasgando o chão de pedras nuas,
humilhado,
à procura de um sinal ardente.
Vai o sol poente encontrar-me
à beira mar deitado.
No meu peito,
vulcões de sangue quente
desfazem as imagens da mente.
Apetece-me rasgar o silêncio estúpido
fazer das tiras, uma longa trança de desejo
e banhá-la no sangue translúcido
que escorre pela face escondida.
Apetece-me desfazer palavras
tornando-as insignificantes no deslocamento do tempo,
quebrar silabas, dando movimento
ao ardor alojado no peito.
Arrancar os segundos ao tempo,
destruindo a monotonia do saber.
Arrancar os ponteiros do contratempo..
não continuar a sofrer.

Jorge Viegas

Foto:José Marafona

4 comentários:

mfc disse...

A ausência de sofrimento...não é o que todos queremos?!

Paula Raposo disse...

Um poema mais que excelente!!

Su disse...

tb apetece.me...

.com toda a força....

jocas maradas

PintoRibeiro disse...

Bom dia Isabel. Força e bjinho.