segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Um dia branco



Dai-me um dia branco, um mar de beladona
Um movimento
Inteiro, unido, adormecido
Como um só momento.

Eu quero caminhar como quem dorme
Entre países sem nome que flutuam.

Imagens tão mudas
Que ao olhá-las me pareça
Que fechei os olhos.

Um dia em que se possa não saber.

Sophia de Mello Breyner Andresen

Foto:Dennis Mecham

3 comentários:

Caracolinha disse...

Lindo o poema ... :)

Ganhou o SIM amiga ... fico feliz, um passo em frente é sempre um passo em frente ... :)

Beijoca encaracolada :)

Maria Carvalho disse...

Belíssimo poema de Sophia, como todos os que escreveu. Uma Senhora Poeta! Beijos para ti, Isabel.

poetaeusou . . . disse...

Poesia
Se todo o ser ao vento abandonamos
E sem medo nem dó nos destruímos,
Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos
Nus em sangue, embalando a própria dor
Em frente às madrugadas do amor.
Quando a manhã brilhar refloriremos
E a alma possuirá esse esplendor
Prometido nas formas que perdemos.
in) Sofia M.B.A.
Brisinhas para TI.