terça-feira, fevereiro 06, 2007

Pesadelo



Eu tenho muito,
muito medo,
muito medo de você!
Você é o meu fantasma predileto,
o meu espectro familiar,
que me apavora no sono
e de quem rio ao despertar.
Eu vivo por você num sonho antigo,
um sonho de antanho,
maluco, extemporâneo,
um sonho que já nem é sonho,
pois é quase de manhã.
Da noite alta que se desfez,
surgem palavras bêbadas,
tontas de sono,
ecoando pela casa,
junto aos passos do sonâmbulo.
Surgem de abismos profundos,
mas os abismos do sono
têm a altura da cama
(felizmente!)
E, lentamente, se recompõem
velhas estórias mal contadas,
"buenas dichas", vagos presságios,
frágeis linhas mal traçadas
da minha mão e da tua
entrelaçadas e entrelaçadas...

Mauro Mendes

Foto:Kirill Arsenjev

2 comentários:

Maria Carvalho disse...

Identifiquei-me com este poema...beijinhos, Isabel.

poetaeusou . . . disse...

Pesadelo, amarelo.
Belo ...
jino