sexta-feira, janeiro 26, 2007

Tempos



Eu sempre soube da verdade em teus olhos.
O que eles me disseram mantive guardado,
fora do alcance das conversas.

Havia um tempo em que a despedida
principiava um outro encontro,
escondido dos olhos e das conversas.

Havia um tempo com um doce cheiro no ar
de todos os perfumes.
Uma busca constante do olhar,
um gosto a mais nas coisas...
Era batom!

E era depois a pele,
o deslizar dos cabelos,
o afago das mãos...

A casa cheia de nossas conversas,
dos modos, das esperas e demoras.
Uma vida em tantos acordar!

Era por fim um outro olhar,
sem mais as mesmas verdades
(embora nunca mentiras).
Mas sem as mesmas respostas.

Outras vozes agora falam no nosso silêncio.
Mudamos os rumos,
os olhares,
o sentido da conversa.

Celso Brito

Foto:Howard Schatz

4 comentários:

Anónimo disse...

os olhos.
transmitem o desejo.
da busca em ti.
o comunicar.
Verdade/mentira.
do toque habituação.
o repetir saturando.
num esgotar sem perder.
Xinos.

peciscas disse...

Mais um belo texto!

Maria Carvalho disse...

É...às vezes os sentidos mudam...sem se saber porquê.

andorinha disse...

Belo poema!
Atrás dos tempos, tempos vêm e outros tempos hão-de vir:)
Beijos.