terça-feira, dezembro 12, 2006

Soneto da mulher inútil



De tanta graça e de leveza tanta
Que quando sobre mim, como a teu jeito
Eu tão de leve sinto-te no peito
Que o meu próprio suspiro te levanta.

Tu, contra quem me esbato liquefeito
Rocha branca! brancura que me espanta
Brancos seios azuis, nívea garganta
Branco pássaro fiel com que me deito.

Mulher inútil, quando nas noturnas
Celebrações, náufrago em teus delírios
Tenho-te toda, branca, envolta em brumas.

São teus seios tão tristes como urnas
São teus braços tão finos como lírios
É teu corpo tão leve como plumas.

Vinícius de Moraes

Foto:Stanmarek

6 comentários:

Naeno disse...

Muito obrigado pela intervenção no meu blog. Adorei a tua presenta, o que falastes.

O que dizer de um poema de um caso raro, um poeta, entre tantos, o bom?
Muita coisa, como elogiar, como me contentei como ele.

Um beijo

Naeno

MariaTuché disse...

Como sabes eu amo Vinicius :)

Um beijão querida

mfc disse...

A elegia da idealização!

Fatyly disse...

Profundamente tocante!

Maria Carvalho disse...

Pois é. Poema de Vinicius.... e oiço Abrunhosa...não digas mais. Basta. Adorei passar aqui. Que a vida continue tão bela quanto o momento de estar aqui. Beijos.

Alien8 disse...

Ah, Wind,
Vê-se bem que voltaste em grande!
Que belos poemas escolhidos!
E os outros, idem... :)
E as imagens.
Estás cá :)

Beijinhos!