terça-feira, fevereiro 28, 2006

Sem recreio



Um carro correndo na ponte
Um sol que vertia sangue
Sobre o monte...

Onde os poemas
não escritos?

Onde o poema que
não fiz por

que não tinha empregada
ou
porque a neném estava
com diarréia?

Quando
escrever poemas
no banheiro
Se crianças me
reclamam por inteiro?

Meus poemas?
Como encontrá-los
na madrugada
se de noite
me deito
Cansada?

Mas eles me acenam:
da água suja do balde
sapóleo branco do piso
Onde meus poemas
o lixo

Das aulas que
dou
como louca
E ao diretor custam
Muito pouco?

Onde a exata dimensão
freia o que sinto
Corre o que sangro.

Suzana Vargas

Foto:Elena Vasileva

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