segunda-feira, fevereiro 20, 2006

O tempo, subitamente solto



O tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.
eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,
que eu amava quando imaginava que amava. era a tua
a tua voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto.
era a tua pele. antes de te conhecer, existias nas árvores
e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade.

José Luís Peixoto

Foto:Stanmarek

8 comentários:

Parrot disse...

Wind,

Boa semana
Beijo

Boa escolha, o texto e a música

augustoM disse...

Se o tempo da censura já acabou para si, talvez seja o tempo de aprender a ter boas maneiras, começando por respeitar os outros, que pelo que depreendo do seu comentário, é coisa pouco importante para si.
Se o seu conceito de felicidade se mede pelo fumo, deve ser um conceito muito esfumado.
Augusto.

Pedro disse...

Eu não sei do fumo, mas acho o texto e a fotografia muito bonitos.

augustoM disse...

Se respeitar os outros é ser mal educado, então eu sou muito mal educado, mas fundamentalista anti-tabaco é que não sou porque até fumo como você, e gosto muito de fumar. Não deve ter compreendido que o que está em causa não é o fumar, mas o respeito pelos outros, e isso talvez o seu egoísmo nicotínico não permita.
A bem dos fumadores, boa noite. Augusto

raul alves disse...

Em relação ao texto, não sei o que dizer.
Mas a foto é excelente.

Anónimo disse...

José Luis Peixoto...a não perder! Parabéns pelo post! Beijos

Maria disse...

Um texto lindo q eu não conhecia. Ainda tenho q ler alguma coisa dele (Falta minha)
Bjs.

lena disse...

José Luís Peixoto sem palavras, que posso eu dizer?

deixo-te para ti também dele:


um dia, quando a ternura for a única regra da manhã,
acordarei entre os teus braços, a tua pela será talvez demasiado bela.
e a luz compreenderá a impossível compreensão do amor.
um dia, quando a chuva secar na memória, quando o inverno for
tão distante, quando o frio responder devagar com a voz arrastada
de um velho, estarei contigo e cantarão pássaros no parapeito da
nossa janela, sim, cantarão pássaros, haverá flores, mas nada disso
será culpa minha, porque eu acordarei nos teus braços e não direi
nem uma palavra, nem o princípio de uma palavra, para não estragar
a perfeição da felicidade.

José Luís Peixoto


beijinhos para ti

lena