sábado, dezembro 31, 2005

Inominado



Primeiro foi o sonho,
Inopinado e louco.
Depois a audácia,
O corrupio, o sufoco.
Foi a nostalgia.
A dor da saudade.
Foi do trabalho o tesão.
Foram dúvidas e inseguranças.
Foi o coma da traição.
Foram os cansaços.
As olheiras. Os olhos baços.
Foram milhentas milhas
Percorridas em mil regaços.
Foi a solidão.
E, foi sempre o sonho.
Sempre a solidão e,
Dos medos o mais medonho.
Foi o bem querer!...
Apenas e só o bem querer!...

Percorri mil anos
A velocidade da luz.
Ultrapassei nebulosas.
Cabeceei asteróides
Para balizas imaginárias.
Doei os anéis de Saturno
A ninfas alucinadas.
Contornei buracos negros.
Fiz amor nas crateras da Lua
Com camisas de Vénus.
Fui amante duma marciana,
Louca e insaciável,
Loura e insociável.
Mandei para os raios que o partam...
......O Sol.
Passeei-me por Mercúrio...
......Crómio.
Julguei sarar minhas feridas.

Perdi Galateia. Perdi tudo.
E, eu próprio, perdi-me
Em qualquer parte.

Percorri mil anos
A velocidade da luz!...
De repente, o breu.
A ausência total de luz.
De repente, a dor.
De repente, a mais profunda,
A mais pesada das solidões:
Eu em busca de mim!

Luís Eusébio

Foto:Andrzej Dragan

2 comentários:

mixtu disse...

linda como sempre, amei a foto.
amanhã te darei as boas entradas.
jinhos

Anónimo disse...

o poema é lindo,Luis quê?
Tem versos invulgarmente deliciosos...
Gosto deste cantinho,já disse?
Beijo
AnaM.