domingo, outubro 24, 2004

Soneto da Separação



De repente do riso fez-se pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.


Vinícius de Moraes

Foto:A. Brito

2 comentários:

lique disse...

Um soneto para todas as separações: de amantes , de amigos, de todos os que de alguma forma se amam. Beijinho para ti e bom domingo.

Unknown disse...

Este poema do Vinicius é maravilhoso. As tuas escolhas foram todas excelentes quer a nível de textos quer de imagens :) ora aqui está uma blogger de primeira água. A sério. Beijinhos grandes.